terça-feira, 11 de maio de 2010

Manowar é vaiado em SP

Manowar é vaiado em SP

Por Costábile Salzano Jr.

Foram 12 longos anos de espera, mas para uma tremenda decepção. O Manowar tinha todas as cartas na manga para tornar a noite do último 7 de maio inesquecível, mas esqueceu de baixá-las na mesa. O grupo simplesmente ignorou seus clássicos e apenas empolgou os fãs enquanto três libidinosas garotas faziam streap tease e se esfregavam no palco do Credicard Hall.

A expectativa para a apresentação dos norte-americanos do Manowar era a melhor possível. Após diversas gigantescas bandas desembarcarem no Brasil com Metallica, Iron Maiden, Megadeth, Heaven and Hell, Guns N’ Roses, KISS etc, praticamente só faltavam Joey De Maio & Cia fazerem a festa por aqui. Bem, festa foi o que eles mais fizeram durante a passagem por São Paulo. Por exemplo, foram à melhor churrascaria da cidade e tiveram a melhor das receptividades das groupies brasileiras, que, provavelmente, ensinaram um longo discurso em português. Porém, o que parecia festa para uns, para outras 6,3 mil pessoas estava se tornando a maior das tragédias.

A dificil missão de esquentar os exigentes manowarriors ficou por conta da Kings of Steel, que tradicionalmente é banda tributo do Manowar, mas, naquela ocasião, tocaram composições próprias e covers de Dio e Accept. O grupo até que fez um belo show, mas, infelizmente, a galera pareceu que não deu a minima bola pros caras e mal aplaudiu ao final das músicas e assim que deixaram o placo, os gritos de “Manowar, Manowar” foram ensurdecedores e praticamente varreram os brasileiros direto para o camarim.

Pouco antes das 22h30, Eric Adams (vocal), Karl Logan (guitarra), Joey De Maio (baixo) e o baterista Donnie Hamzik entraram em cena com a música “Hand of Doom”. Na ocasião, Hamzik, mais uma vez , substituiu Scott Columbus, afastado por questões pessoais. Em outras oportunidades, até mesmo o antigo baterista Rhino tem voltado a figurar nos palcos.

Sem muita prosa, tocaram “Thunder in the Sky”, “Call To Arms”, “Die with Honor” e “Let the Gods Decide”. Até aquele momento, a interatividade com os fãs era apenas por meio de uma performance estática, bangueando e agitando seus instrumentos. Quando todos pensavam que finalmente viria um clássico, baixaram a temperatura com a balada “Swords in the Wind”.

Apesar de não ter exibido suas grandes composições e começando a deixar alguns fãs impacientes, o show seguia em alta, com a banda tocando redondinha e fazendo a plateia vibrando a cada música executada. Na sequência, um solo do guitarrista Karl Logan. O músico tentou a todo custo tocar notas aceleradamente, mas os dedos dele pareciam se enrolar, deixando os erros bem evidentes. Em certo momento, ele tocou algo parecido com Porellise só que em uma versão “mil vezes” mais rápida.

Porém, o público só entrou no “Espirito Manowar”, quando, finalmente, o líder Joey De Maio resolveu matar a saudade dos fãs brasileiros e começou um discurso apaixonado em inglês. No entanto, quando ele começou a formar longas frases em português, a galera vibrou da mesma forma quando a seleção brasileira faz um gol. Na verdade, começava um stand up commedy protagonizado por uma das personalidades mais conhecidas pela imagem True Metal. O que era pra ser um show “sério”, virou um verdadeiro show de risadas. De Maio foi espetacular! Esse momento de descontração e impagáveis risadas deixou os fãs impacientes pelos clássicos, mais relaxados e receptivos até o momento tradicional de mandar quem não gosta de Manowar praquele devido lugar...

Depois de muitas risadas, De Maio convida uma pessoa do público para subir no palco e tocar guitarra com o grupo. Milhares de mão foram ao ar até que um foi escolhido. Assim que ficou diante do músico, o sortudo se ajoelhou e De Maio fez um espécie de batismo do Metal. Porém, o escolhido tomou uma bronca das mais desnecessárias só porque estava usando uma camiseta do Iron Maiden. De Maio fez o cara tirar a camiseta e a jogou uns bons metros longe. O “batismo” continuou com o rapaz entornando uma lata de cerveja no estilo Manowar. Porém, o destemido fã não esperava pelo melhor. Três garotas “invadiram” o palco para marcar o clímax da passagem do Manowar por São Paulo. As libertinas começaram a fazer tirar suas roupas, se beijarem, se acariciarem. Os marmanjos que estavam na pista Premium começaram a se esmagar e a brigarem pelo melhor lugar na grade já que o telão da casa omitiu transmitir a maioria da cenas enquanto o Manowar tocava “Die for Odin”. Com certeza, o stand up do líder Joey De Maio e o show a parte, pareciam que o o espetáculo a partir dali seguiria um novo rumo... parecia, mas não foi isso que aconteceu.

“Gods of War”, “Sleipnir”, “God or Man” e várias outras músicas sem expressão foram seguindo uma após a outra. O quarteto mantinha as mesmas músicas sem quase expressão, priorizando no repertório composições baseada nos discos "Warriors Of The World" (2002), God of War (2007) e no EP Thunder In The Sky (2009). King of Kings, Loki God of Fire e Sons of Odin marcaram a nova fase. Até mesmo durante o solo do baixista De Maio, cheio de firulas, musicalidade e algumas derrapadas, era possível ouvir os berros quase suplicantes para “Hail and Kill”.

Quando os Kings of Metal voltaram para o bis com Warriors of the World, tudo indicava que o Manowar havia deixado o melhor para o final. Ledo engano e assim que De maio começou a arrebentar as cordas do seu baixo já era possível ouvir as primeiras vaias e xingamentos.

Assim que as luzes se apagaram e a banda saiu de cena, era nítida a sensação de revolta. As vaias e as palavras de baixo calão ganharam mais força, ou seja, toda a brilhante performance da banda no palco não servira para nada. O vocalista Eric Adams foi surpreendentemente perfeito. O cara cantou e muito. Este sim, fez daquele noite algo memorável.

Donnie Hamzik foi outro destaque debulhando seu grande kit de bateria. Preciso e de um pedal duplo estupendo, ditou o ritmo intenso da exibição. Já Karl Logan se manteve apático. A performance foi apagada e limitou-se ao canto esquerdo do palco. A troca de posições com o chefão De Maio não existiu e sua guitarra só ficava em evidencia quando chegava a hora dos solos ou quando o baixo não tinha tanto impacto. Em compensação, o patrão De Maio fez aquela exibição tradicional, impecável, mas sem nada de novo. Sinceramente, valeu pelo seu stand up e por se comunicar em português com os fãs. O volume do seu instrumento, como sempre, estava alto e parecia um terremoto quando vibrava dentro do corpo dos fãs.

O Manowar fez um bom show, mas poderia ter sido inesquecível se tivessem tocado os seus clássicos. É claro que a banda tem todo direito de escolher o repertório que querem apresentar, mas já são bem experientes para saber o que o público quer ver e ouvir, ou seja, deixar de lado as suas músicas mais famosas depois de 12 anos sem vir ao Brasil é algo imperdoável.

Apesar de diversas vezes praticamente jurar que vão voltar em breve isso não quer dizer que eles podem se dar ao luxo de simplesmente omitir o que os fãs querem realmente ouvir. É a mesma coisa que o Metallica deixar de tocar “Enter Sandman”, o Iron Maiden limar “The Number of the Beast”, o Motorhead negar “Ace of Spaces” e por ai vai. Os fãs, que na fila ficavam xingando bandas como Iron Maiden e Metallica, tem todo o direito de reclamar, mas devem reconhecer que estes dois grandes nomes até hoje nunca fizeram um set list tão sofrível, mesmo quando estavam passando pela pior fase de suas carreiras. Se o Manowar voltar tão rápido como disseram, a receptividade pode não ser tão boa o quanto eles esperam. Os Kings of Metal falharam e, na minha opinião, Deus que é Deus não falha, muito menos erra! Até agora, sem sombra de dúvidas, o melhor show do ano ainda é do Metallica!

Setlist

Hand of Doom
Call to Arms
Swords in the Wind
Solo Karl
Let The Gods Decide
Die For Metal
The Sons of Odin
Sleipnir
Screams of Death
Solo do Joey
God or Man
Loki
Thunder In The Sky
Warriors of the World
House of Death
King of Kings
Army of the Dead

www.manowar.com/
www.myspace.com/manowarofficial
www.myspace.com/manowardefendersofsteel

Fonte: Costábile Press

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